Ela é um hotspot mundial da biodiversidade: uma das áreas mais ricas em diversidade biológica ? são mais de 15 mil espécies de plantas e mais de 2 mil de animais vertebrados, sem contar insetos e outros animais invertebrados -, mas também uma das mais ameaçadas do planeta. Basta dizer que, das 633 espécies de animais em risco de extinção, 383 são da Mata Atlântica!
Estende-se por 17 estados brasileiros* e, originalmente, abrangia 1.315.460 km2. Hoje, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais (acima de 100 hectares) ou 12,5%, se somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de três hectares.
Dados divulgados, esta semana, pela Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam que, nos últimos 30 anos, o bioma perdeu área equivalente a 12 vezes a cidade de São Paulo. É gravíssimo e assustador. O mesmo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica revela aumento de 1% no desmatamento de 2014 a 2015 em comparação com o período anterior: passou de 18.267 hectares para 18.433 hectares.
Como se vê, ainda não dá pra celebrar plenamente este dia 27 ? em que falamos do bioma de uma forma especial ?, mas não queremos deixar que essa data passe em branco: vamos dar as más notícias do estudo divulgado, sim, mas também destacar os cenários de preservação e onde a vida pulsa. E faremos isto com as imagens deslumbrantes produzidas em diversas regiões do Brasil pelos fotógrafos parceiros do Conexão Planeta: Daniel de Granville (autor da foto que abre este post), João Marcos Rosa, Marcos Amend, Renato Soares e Zig Koch (todos assinam o blog Por Trás das Câmeras).
Nas fotos que eles selecionaram especialmente para acompanhar este texto, tem muita floresta, tem água, tem bicho e gente que vive por essas bandas. Boa viagem!
Minas Gerais lidera ranking da destruição
O estado vinha caindo posições nos últimos dois anos, mas voltou a liderar o ranking do Atlas, com decréscimo de 7.702 hectares no mapa do bioma, o que representa a supressão de 37% de floresta.
Em seguida, vem a Bahia com 3.997 hectares desmatados, mas aqui vale uma observação. Na verdade, lá, o desmatamento caiu: desmatou-se 14% menos do que no ano anterior.
Piauí, que foi campeão entre 2013 e 2014, está em terceiro lugar: reduziu em 48% o nível de desmate, indo de 5.626 hectares para 2.926 hectares.
Interessante observar que, nos três casos (Minas, Bahia e Piauí), o destaque na lista dos grandes devastadores se deve à ações nos limites do Cerrado.
Entre os municípios que mais arrasaram sua vegetação está Alvorada do Gurguéia, no Piauí. É o campeão por reduzir a área florestal em 1.972 hectares. Em seguida, vêm duas cidades baianas como Baianópolis (824 hectares) e Brejolândia (498 hectares), e algumas cidades mineiras: Curral de Dentro (492 hectares) e Jequitinhonha (370), na região conhecida como triângulo do desmatamento, que ainda abriga Águas Vermelhas (338), Ponto dos Volantes (208) e Pedra Azul (73).
Beleza, cultura e identidade em imagens
A Mata Atlântica tornou-se Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988, e é considerada Reserva da Biosfera pela Unesco, em um processo que foi de 1991 a 2008. Só isto já bastaria para a preservarmos.
As imagens a seguir dão bem a medida da vida que pulsa nas regiões abençoadas pelo bioma. É esta a imensidão que precisamos proteger.
Na foto de Daniel de Granville que abre este post, beija-flores preto e branco em Ubatuba, litoral de São Paulo. A espécie é encontrada à beira da mata, em capoeiras, jardins, bananais, frequentemente em copas de árvores altas e parece que se mantém mais parado no ar do que outros beija-flores, sempre exibindo suas cores contrastantes.
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